sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Contraste


O espaço que escolhi é na cidade onde cresci, Portimão, uma cidade de grandes contrastes, que no verão vive a um ritmo frenético de praia, festas e espectáculos, e no inverno torna-se “a minha cidade”, calma e melancólica. Sempre gostei, e acho que sempre vou gostar da minha cidade. Quando entrei para Arquitectura Paisagista não tinha a mínima noção dos erros que ela tem, dos impactos que as continuas gerações foram provocando nesta paisagem, do desrespeito por ela. Mas, apesar de agora perceber que grande parte do que lhe fizeram está errado (e muito), continuo a adorá-la.
Gosto particularmente de um sítio em Portimão, é completamente diferente da zona consolidada da cidade, é nas falésias a Oeste da Praia da Rocha, e é dos únicos sítios em que as torres ainda não dominaram uma paisagem que em tempos foi característica de Portimão, chama-se “João de Aréns”.

O sítio de “João de Aréns” é como uma ilha perdida em Portimão, uma ilha onde reina a calma e a melancolia, e é aqui que se vai focar o meu percurso. O percurso divide-se em 3 fases: a “Indiferença”, a “Consciência” e o “Sonho Real”.

Indiferença
Numa primeira fase, o percurso começa na minha casa em Portimão, a sensivelmente 4km do sítio de “João de Aréns”. Optei por representar este percurso através de uma pequena animação, em que passo por vários pontos que para mim são referências visuais até ao sítio de “João de Aréns”. Este primeiro trajecto mostra o dinamismo da cidade, e a minha atitude perante este, quase de indiferença, como um meio para atingir um fim.

Consciência
Numa segunda fase, já sobre a falésia do “João de Aréns”, existe uma transição entre a animação e o real, simbolizada pelo olho. É como se depois daquele percurso que apenas fiz para atingir o meu fim, entrasse num estado de interiorização, tomasse consciência de que finalmente cheguei. É como se naquele momento, naquele sítio, tivesse chegado ao tal “fim”, mas que na verdade não é um fim, mas sim o início de um “sonho” muito real.

Sonho Real
No terceiro e último percurso, “vivo o sonho”, exploro-o e mostro-o através do meu olhar. A melhor forma de o representar foi através da filmagem ao nível dos meus olhos. Quando estou neste local sinto-me sereno, mas ao mesmo tempo irrequieto por explorá-lo, triste, mas ao mesmo tempo feliz por lá estar, é quase um sonho, mas é real, um contraste

Vasco S. Lamberti

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